Faltam pesquisadores no Brasil. Qual será o problema?

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Bastante interessante essa figura que saiu na revista Veja dessa semana no Brasil. Não sei se o título da mesma está correto ao falar que faltam pesquisadores no Brasil. Sinceramente, eu não concordo que faltem pesquisadores, o que eu acho é que falta mais apoio e visibilidade aos pesquisadores.

 Primeiro, o que é um pesquisador? Um pesquisador ou um investigador como é chamado aqui na Espanha, pode ter diferentes significados mas o mais conhecido é aquela pessoa “nerd” que trabalha com coisas irreais e fica estudando e investigando o que ainda não existe. Claro que existem outras definições e são essas outras definições, que dão o real significado a pessoa que é um pesquisador.

A verdade é nua e crua. O pesquisador é totalmente desvalorizado no Brasil. Sem sombra de dúvidas. Como diz na figura, a grande maioria dos pesquisadores estão nas universidades. Em média, um pesquisador após ter passado 10 anos estudando (4 de graduação, 2 de mestrado, 4 de doutorado) ganha mais ou menos R$5.000 (cinco mil reais). Tem gente que acha muito, tem gente que acha pouco. Infelizmente, no Brasil, o ensino não é valorizado e por consequencia disso, os professores e pesquisadores também são sub-valorados.

Aqui na Espanha, o cenário muda um pouco, mas ainda estamos longe do ideal. As maiores empresas espanholas e multinacionais possuem um centro de I+D (Investigación y Desarrollo), ou seja, um centro para investigar, pesquisar, criar novos produtos, novas fórmulas, novos conceitos, novos paradigmas. Tudo isso a bon salários. Vou citar um exemplo de uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo, a Telefônica Espanha. A Telefônica possui um centro I+D que atualmente emprega mais de 2000 pessoas e tudo a serviço da inovação tecnológica.

Al final del año 2006 la plantilla propia estaba compuesta por aproximadamente 2000 personas de las cuales un 94% son titulados universitarios. Un 26% de la plantilla está compuesta por mujeres, y el 74% restante, por hombres. La edad media de los empleados es de 36 años y su experiencia laboral media es de 12 años lo que convierten a Telefónica I+D en una empresa madura en sus planteamientos y capacidades, aunque joven en su creatividad y entusiasmo.”

Sugiro navegar na páginas por uns 10 minutos pra ver como eles investem em pesquisa. Aqui vai uma lista dos projetos de pesquisa que eles patrocinam. O benefício de um centro I+D dentro de uma empresa é incalculável. Além da Telefônica, outras empresas também tem seus centros de investigação como T-Mobile, Vodafone, Orange, etc…

Será que tem alguma relação direta entre onde trabalham os cientiras e a riqueza do páis? Veja a figura e tire suas prórprias conclusões. 

O fracasso das aplicações para celulares

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Não tem como negar. Hoje em dia não existe nem um software para celular que seja um sucesso em todo o mundo. Hoje não existe modelo de negócios para desenvolvimento de aplicações para celular. Tudo não passa de um bom marketing de grandes empresas que prometem um mundo cada vez mais móvel e que na verdade, é uma grande mentira.

Vamos ao teste. Qual o software para celular mais baixado do mundo? Tem alguma idéia? Em primeiro lugar está o navegador Opera Mini e em segundo lugar o Google Aps (Gmail, Google Maps, Google Docs, YouTube, etc). Pronto. Nem existe terceiro lugar porque não existem mais aplicações para celulares que realmente fazem sucesso.

Tudo começou mais ou menos em 1998, a Palm dominava o mercado com aplicações inovadoras, mas tudo não passou da bolha do mercado de tecnologia. A Palm praticamente sumiu. Em 2007 e 2008 tivemos grande avanços nesse sentido. Primeiro foi a Apple que lançou o “bonitão” Iphone e mudou o conceito de que é um celular e suas possíveis funcionalidades. E nessa última semana, a Apple lançou uma API para quem quiser desenvolver softwares para o Iphone. Segundo a própria Apple, já foram feitos mais de 100.000 downloads de pessoas interessadas. Em segundo lugar temos o Google que em 2007  lançou um sistema operacional para celulares, o Android que também já está fazendo sucesso (750.000 donwloads) e até oferece um prêmio de 10 milhões de dólares para quem desenvolver a aplicação mais interessante para celular.

Ao mesmo tempo que existe tudo isso a disposição dos programadores, eu não consigo ver o porque que não temos nenhuma aplicação decente para celular. Por exemplo, o Brasil tem mais de 120 milhões de celulares para uma população de 180 milhões de pessoas. São 65 celulares para cada 100 habitantes. O que esse povão todo usa? Somente voz? Usam o telefone somente para falar?

O usuário de celular é um bicho estranho. Ele é capaz de pagar R$0,80 centavos por minuto em uma ligação pré-pago mas não tem coragem de comprar um plano para usar dados com medo de pagar centenas de reais para a operadora. Onde está o problema?  Vamos aos dois lados da moeda:

O lado do usuário:
1 – As aplicações para celular estão cada vez mais leves e utilizam cada ves menos informações para não “pesar” no bolso do usuário.
2 – Hoje temos celulares que são praticamente computadores de mão. Temos como exemplo, o Nokia N95 8GB, o Iphone, HTCs, Palms, entre outros. Estes celulares possuem grande poder de processamento, possuem memória, telas de alta definição, Wi-Fi, GPS, etc.

O lado do programador:
1 – Colocar no mercado uma aplicação para celular é uma tarefa complicadíssima. Primeiro, existem N tipos de sistemas operacionais, N tipos de celulares, N tipos e tamanhos de telas. Tudo isso dificulta e muito o desenvolvimento
2 – As operadoras querem tudo. Não querem dividir lucros, não ajudam em nada. Só querem tráfego de dados ($$$) e mais nada.

Tem um artigo bastante interessante de um ex-empregado da Palm e da Apple, no Blog Mobile Opportunity. O que ele fala é que as aplicações para celulares nunca existiram, nunca tiveram modelo de negócios e nunca vão existir. Os programadores estão passando cada vez mais ao que chamamos de programação web para celulares. Ou seja, desenvolver uma página web que seja acessível e customizada para ser visualizada no celular. O interessante disso é que não tem muito segredo. O programador não tem que aprender novas tecnologias, o investimento para desenvolvimento é muito menor e não tem que desenvolver um produto específico para cada celular.

Acho que esses  são os motivo pelo qual existem tão poucas aplicações para celular. Alto custo de desenvolvimento, real necessidade dos usuários e portabilidade para todos os tipos e modelos de celulares e sistemas operacionais.

Como não podemos prever o futuro, eu ainda espero um software ou uma “killer application” para celulares. Ainda está por vir. O mercado a ser explorado é muito grande e as oportunidades existem, mas a olho nú o mercado móvel ainda é um grande buraco negro.

Modelo de negócios de software para celulares

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Esse ano de 2008 estive novamente na Mobile World Congress em Barcelona e lá estava fazendo bastante propaganda de um software para celular. Bom, eu como um fanático por aplicações móveis e por um mundo cada vez mais móvel, fui testar.

O software nada mais é que uma página web desenvolvida para celular que oferece todos os serviços turísticos de Barcelona. A página é barcelona.mobi. Eu sinto bastante falta deste tipo de aplicação quando viajo aqui pela Europa. De repente você está em algum lugar e quer ir a algum restaurante que está perto, ou identificar as atrações turísticas que estão mais perto de você e um software como esse até que “dá pra enganar” mas está longe, muito longe de ser o ideal.

Já fazem 9 anos que trabalho com redes sem fio e com aplicações móveis, tecnologia móvel e tudo o que for relacionado e sinceramente não vejo onde está o “core” do problema. Seriam as operadoras que cobram caro pelo tráfego de dados? Seriam os celulares que ainda não estão preparados para o mundo móvel? Seriam os usuários que não demandam esse tipo de aplicação? Qual o real problema para não termos aplicações móveis que funcionam?

No próximo post tentarei expor os fatos principais do grande problema de desenvolver softwares para celulares e porque a penetração deste tipo de aplicação é praticamente nula no mercado mundial.

Tenho duas notícias. Uma contradiz totalmente a outra. Qual coloco primeiro?

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Acabo de ler duas notícias totalmente contraditórias e não sei qual colocar primeiro. Por isso coloco este post antes de colocar as outras duas notícias. O assunto é o mesmo: softwares para dispositivos móveis. 

Primeira notícia:  vou comentar um modelo de negócios  para celulares que funciona em Barcelona.

Segunda notícia: infelizmente tenho que falar que aplicações para celulares nunca existiram, não possuem modelo de negócios e nunca funcionaram.

Vamos ao que interessa.

Chip libera telefones Nokia e Iphone

xsim.gif Realmente me impressionou bastante o lançamento desses chips que liberam os celulares. Conhecidos como Turbo Sim ou Xsim, esses chips são uma invenção impressionante e sinceramente queria saber como funciona por dentro. Recentemente comprei um Xsim para um amigo ai do Brasil para liberar o N95 8GB que tinha levado para ele no Natal. Nada mais colocar o chip, pimba, celular liberado.  A grande pergunta. Como funciona? Como burlam a operadora? Qual o “by-pass” que tem ai dentro?

Eu tentei liberar o N95 8GB que havia comprado em dezembro de 2007, mas infelizmente ninguém conseguia liberar o telefone. Tentaram por códigos e por cabos e nada. Ai, com um simples chip, tudo funciona perfeito. Para quem quiser ver como funciona, recomendo esse vídeo de demonstração.

Características interessantes do chip:

. Não interfere na garantia do celular
. Não é necessário mexer nem no harware nem no firmware do celular
. Funciona com 99% dos modelos de telefones de todo o mundo
. Custa somente 29 euros.

Sei que no Brasil, com a nova regulamentação da Anatel, está proibido vender telefones bloqueados. Mas os brasileiros compram muito celulares fora do país, seja Iphone ou outros modelos, portanto, esse chip vale a pena.

Iphone virá com email corportativo e vai competir com o BlackBerry

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A Apple anunciou na última semana que vai incorporar email corporativo em todos os novos Iphones que forem lançados daqui pra frente. Tudo isso depois de uma avalanche de críticas dos usuários e uma grande demanda do mercado que é totalmente dominado pela Blackberry da Research in Motion (RIM). O mais interessante do anuncio é que a Apple vai trabalhar com a Microsoft e quer oferecer o Exchange aos usuários.

 Segundo Steve Jobs, os novos Iphones que serão lançados tanto na Espanha quanto no Brasil já virão com todas as novas modificações, incluindo o email corporativo e a tecnologia 3G. Vamos ver se a notícia vai repercutir em mais vendas e também nas ações da Apple que não andam muito bem a algum tempo.

A diferença entre o Home Banking na Europa e no Brasil

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Faz bastante tempo que quero comentar sobre o sistema Home Banking europeu e o brasileiro. Pra ser bem direto, o Brasil possui um dos melhores sistemas bancários do mundo. E quando falamos de Home Banking, aí que o Brasil tem todas as vantages possíveis.

No Brasil, posso contar nos dedos as vezes que fui ao banco fazer alguma coisa. Só vou ao auto-atendimento para tirar dinheiro, o resto eu faço pela Internet. Faço tudo, pago qualquer conta, faço transferências, vejo informações do meu plano de previdência, fazer investimentos, comprar ações, etc, tudo desde aqui da Espanha.

Aqui na Espanha, já tive a in(felicidade) de passar por 4 bancos diferentes e a realidade é muito diferente. O sistema de Home Banking da Espanha é un lixo. As opções que você têm chegam a ser ridículas. No Citibank, você pode ver seu saldo e fazer uma transferência. Pronto! Tudo isso.

Ultimamente andei testando o Ing Direct, um banco holandês, que patrocina a equipe Renaul de Formula 1. Pra começar, tudo é diferente. Eles não tem agência, é um banco virtual. Você pode sacar dinheiro nos caixas eletrônicos de uma rede de bancos espanhóis. O sistema Home Banking deles já é bastante melhor. Permite fazer qualquer tipo de movimentação, pegar empréstimos e também operar na bolsa de valores espanhola, chinesa e americana. Isso é o mais interessante. Não querendo fazer propaganda do ING, mas o banco não cobra nenhuma taxa mensal, não cobra cartões de crédito nem de débito e além disso, devolve 2% de todos os seus recibos que estão em débito em conta. Parece até mentira, mas funciona. Se você tem uma conta de telefone em débito automático por €100, eles te devolvem €2. Isso é muito bom.

Voltando ao sistema home banking, o que eu mais sinto falta e vanglorio do sistema brasileiro, é a parte de pagamentos de boletos, títulos, cobranças, o que for. Tudo se pode pagar na Internet.  Aqui cada banco opera por conta própria e isso as vezes complica. Parabéns ao sistema brasileiro de home banking. O que precisa melhorar são somente ao que se refere a taxas. Os bancos brasileiros lucram como ninguém nesse mundo.